sábado, 21 de janeiro de 2012

É tempo de voltar a sentir...


«O poder da Natureza e os instintos da mulher prestes a ser mãe têm sido votados ao ostracismo por aqueles que mais os deviam defender. Em nome das rotinas médicas e do progresso científico, fecharam-se a sete chaves os saberes antigos do parto, que a medicina deixou esquecidos numa qualquer prateleira, aonde só chegavam aqueles que não tinham medo de enfrentar as práticas convencionais. Pelo meio, «perdeu-se a nossa capacidade de acreditar que somos capazes de parir», como sublinha Luísa Condeço, da Associação Doulas de Portugal.
«Vamos sendo ‘castradas’ ao longo do tempo e, na altura de parir, instala-se o medo», explica a doula, lembrando que é o medo que tudo domina e deixa dominar.
E, na realidade, é quase sempre em nome desse medo que as mulheres se entregam de corpo e alma na mão dos médicos, deixando que estes decidam por si. Para o bem e para o mal.
Visto deste prisma, o ponto de situação parece drástico, mas é apenas resultado da instalação das rotinas trazidas pelos avanços da ciência e da tecnologia. Apesar do progresso na saúde materna ter contribuído, e muito, para baixar a mortalidade das mães – tanto natal como perinatal – também custou o alto preço de tornar a mulher prisioneira dos hospitais, onde progressivamente foi perdendo o controlo sobre o seu corpo e as suas vontades.
Depois de ter acompanhado mais de 100 partos ao longo dos últimos oito anos, a doula Luísa Condeço não tem dúvidas de que «é preciso devolver à mulher a consciência de que é ela a responsável e pode escolher». Como tantos outros, também ela já perdeu a conta ao número de vezes que ouviu uma mulher dizer que não à epidural e a seguir pressionarem-na no sentido contrário, com a célebre frase: «Mas tem a certeza? Olhe que o anestesista vai sair.»

Podem ler o texto na integra aqui

Sem comentários:

Enviar um comentário